Uma pessoa é um mundo, como diz
o Pedro Paixão. Uma pessoa é um mundo e como o mundo que sou, há sempre tanto a
dizer sobre mim, que é sempre difícil encontrar o princípio. Talvez eu tenha
começado a existir um pouco quando os meus pais se conheceram e começaram a
namorar, quando começaram a querer casar e quando depois de casados, quiseram
ter filhos. Talvez eu tenha começado a ser quem sou já dentro da barriga da
minha mãe. Pelo menos, uma pequena parte de mim. Sou a Ana desde o dia vinte e
dois de Maio de mil novecentos e noventa e seis, pelas dezoito horas e trinta
minutos. A primeira pessoa a pegar em mim ao colo foi o meu avô João, ou Jojó,
como o chamava quando ainda era pequena. Nasci numa pequena cidade, mas quando tirar um
curso ambiciono sair de Portugal e quiçá, ir para Inglaterra trabalhar. No dia
em que fiz três anos disse a toda a gente que fazia 10 – porque queria ir para
escola. Queria ser grande e saber ler. Hoje, tenho 1,69cm e devoro livros. O
mundo deixou de me parecer tão fácil como quando tinha três anos. Uma das
minhas primeiras memórias do mundo que me rodeia foi a morte da Amália
Rodrigues. Lembro-me de ser pequenina e de ouvir nas notícias que a Amália
tinha falecido. Gosto de fado e do Camané. Gosto de concertos e de estar com as
pessoas de quem gosto. Não gosto da distância física nem psicológica. Não gosto
de sofrer. Gosto de sorrir e de cantar Jorge Palma. Gosto de andar de
bicicleta. Gosto do David Fonseca e do Tiago Bettencourt. Gosto de Londres e de
Edimburgo. Gosto dos The Smiths e de ler livros em inglês. Gosto muito do “Looking for Alaska” e do “The Perks of
being an Wallflower”. Gosto de falar em inglês e gosto de escrever.
Não gosto de não ter inspiração. Gosto de falar das coisas que gosto e gosto
muito da minha casa. Acredito que dando tempo ao tempo, todas as coisas do universo
acabarão por se encaixar umas nas outras. Gosto
de Lisboa, dos meus pais e da minha irmã, da minha família. Gosto de receber
cartas escritas e de as enviar. Gosto de encomendas. Gosto de meias e não gosto
de me despentear. Desde que descobri um poema do José Luís Peixoto, não
descansei até ler todos os livros dele. Em Outubro de 2010, tive a oportunidade
de o conhecer e nesse dia o meu coração triplicou de tamanho. Gosto de abraços
e de sorrisos sinceros. Gostava de saber francês. Gosto de conhecer as pessoas.
No verão de 2011, aprendi a cozinhar e posso afirmar que é algo que gosto muito
de fazer. Não dispenso a minha ida a Lisboa no verão e não dispenso andar pelos
jardins de Belém. Gosto de viagens de comboio e de andar de autocarro. Gosto do
mar, de conchas e de penas. Gosto de malmequeres. Gosto de férias em família e
gostei de no verão de 2010 ter ido a Inglaterra. Não gosto de confusões, nem de
desilusões. Muitas vezes, eu própria afirmo ter o meu mundo do avesso e fazer
tempestades em copos de lavar os dentes. Há dias em que ninguém me consegue
acalmar e nestas situações, recorro à voz do Jorge Palma que como eu costumo
dizer, faz bem à alma. Quero conseguir crescer da melhor maneira, se é que há
uma melhor maneira, e espero conseguir superar as minhas dificuldades. Por
vezes, até eu tenho dificuldades em lidar comigo.
Escrever
também me acalma quase sempre. Há dias em que digo que sou este círculo
porque,
por vezes, as coisas dentro de mim parecem não fazer sentido. Por isso, gosto
quando sei que as coisas são certas e estão bem e me reencontro. Quero ser
psicóloga e gosto de fazer as pessoas sorrir. Gosto de conversas longas em que
se diz e confessa o que há muito se queria. Há dias em que gosto imenso de
arrumar o meu quarto e as minhas pequenas coisas. Gosto de aeroportos e de
reencontros. Gosto do filme “An Education”, sendo este o meu filme preferido.
Gosto de livros que nos ensinam sempre mais e sempre que estou a ler um, ele
dorme ao lado da minha almofada. Gosto da minha pulseira vermelha com um
coração e uso-a todos os dias porque tem significado. Gosto de coisas com
significado. Aprendi, recentemente, que não gosto de algodão doce mas uma coisa
de que nunca irei deixar de gostar é da papa de banana, laranja e bolacha que a
mãe faz. Gosto de me sentir à vontade com as pessoas e nos locais em que me
encontro. Quando conheço alguém com quem me dou realmente bem, sou capaz de
falar sem parar durante horas e por vezes, até muito rápido. Gosto quando as
pessoas me ouvem. Gosto quando as pessoas percebem que algo não está bem. Gosto
que se orgulhem de mim. Gosto de me orgulhar de todas as coisas que construo
sozinha. Gosto de agendas e da minha letra. Tenho saudades de ser pequenina e
brincar horas a fio no espaço verde no jardim infantil. Gosto muito de
crianças. Gosto de datas importantes e do meu namorado. Da forma como somos um
com o outro. Gosto muito de todas as pessoas que amo. Gosto de girafas e de
compais de pêra e de pêssego. Gosto dos meus amigos e de todos os pormenores
que os fazem ser quem eles são. Gosto quando sinto que estou a crescer. Não
gosto de chorar em frente das pessoas. Não gosto de admitir que dói, que custa.
Gosto de escrever letras de músicas em inglês e de sentir que tudo está bem.
Tenho 15 anos e quero casar-me. Tenho medo de ter filhos mas sei que os quero
ter. Gosto de saber bem com quem posso contar e não gosto quando as pessoas se
esquecem de mim. Digo sempre que nunca se deixa de gostar de ninguém, por pior
que essa pessoa nos tenha feito. Gosto de dizer do que gosto e gosto que as
pessoas leiam o que escrevo. Nem sempre sei onde devo colocar as vírgulas.
Gosto de acordar já a sorrir e de ir para o duche a cantar. Gosto de tostas-mistas
e de sumo de laranja natural. Não de gosto de figos, papaia e kiwi. Gosto de
estar com aquelas pessoas em que estar em silêncio não incomoda. Gosto de
beijinhos na testa, gosto tanto. Gosto de ler a visão. Gosto de palavras
cruzadas. Tira a mão do queixo, não
penses mais nisso, o que lá vai já deu o que tinha a dar, canta-me agora o
Jorge Palma e eu penso que às vezes penso demasiado nas coisas. Tenho medo de perder
as pessoas que amo. Não gosto de pessoas que acham que me conhecem só de
olharem para mim. Não gosto de julgamentos sem razões certas. Não gosto do medo
e do terror e de crianças a sofrerem. Quero
janelas abertas e o sol entrar, diz tão bem a Mafalda Veiga. Gosto de arroz
branco com ervilhas e gosto que me façam miminhos no cabelo. Gosto de amor e
acredito nele acima de todas as coisas, porque como o Lev Tolstoy disse: “Love is life. All,
everything that I understand, I understand only because I love. Everything is, everything exists,
only because I love”. Gosto dos almoços de família e de me sentir tão em casa.
E gosto tanto de tantas outras coisas que poderia passar o dia a escrever. Não
sou nenhum livro aberto porque gosto de guardar bem dentro de mim as minhas
coisas. Quem me ama e quem se preocupa sabe bem tudo o que guardo e isso
basta-me. Há dias tristes, é verdade. Mas quão mais tristes seriam eles se eu
não tivesse pessoas que me amassem. Sou a Ana e sou um mundo. Um mundo bem
grande e bem cheio de pequenas grandes enormes coisas. Sou a Ana e gosto de ser
quem sou porque não sei ser mais ninguém. Sou a Ana e gosto de mim.
e eu gosto de ti e destes teus textos sempre tão únicos.
ResponderEliminarOlha, eu estarei aqui quando voltares, não duvides <3
ResponderEliminarE muito obrigada *-*
O meu nome é Anna e eu sou mega apaixonada pelo meu Pedro :b
ResponderEliminarAdoro o blog, sigo-te (:
ResponderEliminardeves sempre gostar de ti. :)
ResponderEliminarAdorei, adorei, adorei! Dei por mim a sorrir e a identificar-me com tantas coisas :)
ResponderEliminarBeijinhos!