domingo, 4 de dezembro de 2011

uma pessoa é um mundo


Uma pessoa é um mundo, como diz o Pedro Paixão. Uma pessoa é um mundo e como o mundo que sou, há sempre tanto a dizer sobre mim, que é sempre difícil encontrar o princípio. Talvez eu tenha começado a existir um pouco quando os meus pais se conheceram e começaram a namorar, quando começaram a querer casar e quando depois de casados, quiseram ter filhos. Talvez eu tenha começado a ser quem sou já dentro da barriga da minha mãe. Pelo menos, uma pequena parte de mim. Sou a Ana desde o dia vinte e dois de Maio de mil novecentos e noventa e seis, pelas dezoito horas e trinta minutos. A primeira pessoa a pegar em mim ao colo foi o meu avô João, ou Jojó, como o chamava quando ainda era pequena. Nasci numa pequena cidade, mas quando tirar um curso ambiciono sair de Portugal e quiçá, ir para Inglaterra trabalhar. No dia em que fiz três anos disse a toda a gente que fazia 10 – porque queria ir para escola. Queria ser grande e saber ler. Hoje, tenho 1,69cm e devoro livros. O mundo deixou de me parecer tão fácil como quando tinha três anos. Uma das minhas primeiras memórias do mundo que me rodeia foi a morte da Amália Rodrigues. Lembro-me de ser pequenina e de ouvir nas notícias que a Amália tinha falecido. Gosto de fado e do Camané. Gosto de concertos e de estar com as pessoas de quem gosto. Não gosto da distância física nem psicológica. Não gosto de sofrer. Gosto de sorrir e de cantar Jorge Palma. Gosto de andar de bicicleta. Gosto do David Fonseca e do Tiago Bettencourt. Gosto de Londres e de Edimburgo. Gosto dos The Smiths e de ler livros em inglês. Gosto muito do “Looking for Alaska” e do “The Perks of being an Wallflower”. Gosto de falar em inglês e gosto de escrever. Não gosto de não ter inspiração. Gosto de falar das coisas que gosto e gosto muito da minha casa. Acredito que dando tempo ao tempo, todas as coisas do universo acabarão por se encaixar umas nas outras. Gosto de Lisboa, dos meus pais e da minha irmã, da minha família. Gosto de receber cartas escritas e de as enviar. Gosto de encomendas. Gosto de meias e não gosto de me despentear. Desde que descobri um poema do José Luís Peixoto, não descansei até ler todos os livros dele. Em Outubro de 2010, tive a oportunidade de o conhecer e nesse dia o meu coração triplicou de tamanho. Gosto de abraços e de sorrisos sinceros. Gostava de saber francês. Gosto de conhecer as pessoas. No verão de 2011, aprendi a cozinhar e posso afirmar que é algo que gosto muito de fazer. Não dispenso a minha ida a Lisboa no verão e não dispenso andar pelos jardins de Belém. Gosto de viagens de comboio e de andar de autocarro. Gosto do mar, de conchas e de penas. Gosto de malmequeres. Gosto de férias em família e gostei de no verão de 2010 ter ido a Inglaterra. Não gosto de confusões, nem de desilusões. Muitas vezes, eu própria afirmo ter o meu mundo do avesso e fazer tempestades em copos de lavar os dentes. Há dias em que ninguém me consegue acalmar e nestas situações, recorro à voz do Jorge Palma que como eu costumo dizer, faz bem à alma. Quero conseguir crescer da melhor maneira, se é que há uma melhor maneira, e espero conseguir superar as minhas dificuldades. Por vezes, até eu tenho dificuldades em lidar comigo. Escrever também me acalma quase sempre. Há dias em que digo que sou este círculo




porque, por vezes, as coisas dentro de mim parecem não fazer sentido. Por isso, gosto quando sei que as coisas são certas e estão bem e me reencontro. Quero ser psicóloga e gosto de fazer as pessoas sorrir. Gosto de conversas longas em que se diz e confessa o que há muito se queria. Há dias em que gosto imenso de arrumar o meu quarto e as minhas pequenas coisas. Gosto de aeroportos e de reencontros. Gosto do filme “An Education”, sendo este o meu filme preferido. Gosto de livros que nos ensinam sempre mais e sempre que estou a ler um, ele dorme ao lado da minha almofada. Gosto da minha pulseira vermelha com um coração e uso-a todos os dias porque tem significado. Gosto de coisas com significado. Aprendi, recentemente, que não gosto de algodão doce mas uma coisa de que nunca irei deixar de gostar é da papa de banana, laranja e bolacha que a mãe faz. Gosto de me sentir à vontade com as pessoas e nos locais em que me encontro. Quando conheço alguém com quem me dou realmente bem, sou capaz de falar sem parar durante horas e por vezes, até muito rápido. Gosto quando as pessoas me ouvem. Gosto quando as pessoas percebem que algo não está bem. Gosto que se orgulhem de mim. Gosto de me orgulhar de todas as coisas que construo sozinha. Gosto de agendas e da minha letra. Tenho saudades de ser pequenina e brincar horas a fio no espaço verde no jardim infantil. Gosto muito de crianças. Gosto de datas importantes e do meu namorado. Da forma como somos um com o outro. Gosto muito de todas as pessoas que amo. Gosto de girafas e de compais de pêra e de pêssego. Gosto dos meus amigos e de todos os pormenores que os fazem ser quem eles são. Gosto quando sinto que estou a crescer. Não gosto de chorar em frente das pessoas. Não gosto de admitir que dói, que custa. Gosto de escrever letras de músicas em inglês e de sentir que tudo está bem. Tenho 15 anos e quero casar-me. Tenho medo de ter filhos mas sei que os quero ter. Gosto de saber bem com quem posso contar e não gosto quando as pessoas se esquecem de mim. Digo sempre que nunca se deixa de gostar de ninguém, por pior que essa pessoa nos tenha feito. Gosto de dizer do que gosto e gosto que as pessoas leiam o que escrevo. Nem sempre sei onde devo colocar as vírgulas. Gosto de acordar já a sorrir e de ir para o duche a cantar. Gosto de tostas-mistas e de sumo de laranja natural. Não de gosto de figos, papaia e kiwi. Gosto de estar com aquelas pessoas em que estar em silêncio não incomoda. Gosto de beijinhos na testa, gosto tanto. Gosto de ler a visão. Gosto de palavras cruzadas. Tira a mão do queixo, não penses mais nisso, o que lá vai já deu o que tinha a dar, canta-me agora o Jorge Palma e eu penso que às vezes penso demasiado nas coisas. Tenho medo de perder as pessoas que amo. Não gosto de pessoas que acham que me conhecem só de olharem para mim. Não gosto de julgamentos sem razões certas. Não gosto do medo e do terror e de crianças a sofrerem. Quero janelas abertas e o sol entrar, diz tão bem a Mafalda Veiga. Gosto de arroz branco com ervilhas e gosto que me façam miminhos no cabelo. Gosto de amor e acredito nele acima de todas as coisas, porque como o Lev Tolstoy disse: “Love is life. All, everything that I understand, I understand only because I love. Everything is, everything exists, only because I love”. Gosto dos almoços de família e de me sentir tão em casa. E gosto tanto de tantas outras coisas que poderia passar o dia a escrever. Não sou nenhum livro aberto porque gosto de guardar bem dentro de mim as minhas coisas. Quem me ama e quem se preocupa sabe bem tudo o que guardo e isso basta-me. Há dias tristes, é verdade. Mas quão mais tristes seriam eles se eu não tivesse pessoas que me amassem. Sou a Ana e sou um mundo. Um mundo bem grande e bem cheio de pequenas grandes enormes coisas. Sou a Ana e gosto de ser quem sou porque não sei ser mais ninguém. Sou a Ana e gosto de mim. 

6 comentários:

  1. e eu gosto de ti e destes teus textos sempre tão únicos.

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  2. Olha, eu estarei aqui quando voltares, não duvides <3
    E muito obrigada *-*

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  3. O meu nome é Anna e eu sou mega apaixonada pelo meu Pedro :b

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  4. Adorei, adorei, adorei! Dei por mim a sorrir e a identificar-me com tantas coisas :)

    Beijinhos!

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