segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Palavras de um futuro um pouco distante



- Bom dia, mamã. Acorda-me ela todos os dias, enquanto se atira para cima da minha cama, toda sorridente. Liga a televisão e mete num canal qualquer onde já passam desenhos animados. Se for dia de semana, às vezes chateio-me um bocado. Nunca gostei de acordar muito cedo e ela consegue acordar-me quase sempre antes do meu despertador tocar. Se me zango com ela, ela dá-me dois beijinhos bons e pergunta-me se a quero ajudar a vestir-se. Eu tento acordar-me e mentalizar-me que um novo dia vai começar, como nos últimos quatro anos. Desde que ela nasceu que acordar todos os dias tão cedo se torna um bocado cansativo, mas nem sempre. Às vezes sou eu que a acordo com um sorriso, já de banho tomado. Ela, apesar de pequenina, surpreende-se sempre. Daqui a uns anos já ela saberá que isto de crescer nos faz ser muito inconstantes. O pai nem sempre está em casa e ela sente a falta dele nesses dias. Mas se vissem a cara dela quando o vê entrar pela porta, maravilhavam-se. Tal como eu, que agora além de me maravilhar a olhar para ele, maravilho-me a olhar para o nosso pequeno tesouro. E sinto-me tão bem quando vamos os três ao cinema com um balde pipocas e um ice-tea dos grandes ver os filmes que ela adora. Nós os dois, preferimos adorá-la a ela e ver as suas reacções ao filme, enquanto trocamos beijinhos. A nossa vida começa, finalmente, a entrar nos eixos e já não temos tanta falta de dinheiro, como quando ela nasceu. Foram tempos difíceis, esses. Mas finalmente já passaram. Agora ambos temos trabalho e fins-de-semana para passear pelo jardim. Ela adora o jardim e os baloiços mas já tem medo, como eu, de se baloiçar muito alto e ele sorri muito quando eu lhe digo para ter cuidado. Sinto-me uma mãe responsável e tenho muito orgulho na filha que estamos a criar. Por vezes, aos sábados, ela acorda só o papá e pede-lhe para irem ouvir música bonita para a sala. Ele, apesar de estar tão cansado, pega-lhe na mão e diz-lhe para escolher um cd. Aos domingos é dia de irmos comer a casa dos nossos pais. Nem sempre vamos, é verdade. Às vezes sabe bem deixá-la a brincar sozinha no quarto enquanto nós falamos e vemos alguma coisa na televisão, deitados no sofá, bem aninhados um no outro. Às vezes vamos a Lisboa. Passeamos nos jardins de Belém e fazemos piqueniques. Somos felizes e gostamos disso. Gostamos muito da nossa vida e da nossa família, essa é a verdade.

4 comentários:

  1. esta janelinha estava mesmo a pedir-me: anda cá, inês. e eu vim, olha. gosto muito de ter na minha vida, essa é a verdade.

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  2. e ainda bem que o meu blogue te fez sorrir. espero que essa dor no coração passe, sim? <3

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  3. gostei muito deste texto e do blog.
    vou seguir <3

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