terça-feira, 11 de janeiro de 2011

«em todos esses momentos, eu tentava calar o ruído com ruído.

não é ruído. é um entrançado de mundos, uma mistura. é olhar para alguém e não conseguir evitar a lembrança de tudo o  que conheço sobre essa pessoa e confrontar imagens, sobrepô-las. eu vi a sidonie chorar. podem passar mil anos, posso encontrar-me com ela no supermercado, duvido, que hei-de sempre convocar a imagem dos seus olhos lacrimejantes. eu também vi a sidonie ter um orgasmo, essa imagem estará lá, ao mesmo tempo, no corredor de congelados. e estará lá aquilo que me disse e que retive, o que me contou sobre ela, o que pensei sobre ela. eu levei a sidonie ao cemitério père-lachaise, fomoes ver a campa de collete. nessa visita a cada paço, lembrei-me de ter ido lá visitar a campa de jim morrison com a charlotte, minha primeira decepção, ou de, anos antes, ter ido lá com o constantino pôr flores no mur de fédérés. ao mesmo tempo lembrei-me de tudo o que disse à charlotte (...) e ao mesmo tempo lembrei-me do constantino a puxar-me o braço sem razão. é difícil de explicar, cansativo de descrever e custa ter isto dentro de mim, mas não é ruído, não é o caos. é possível encontrar uma ponta e começar a desembaraçar todos esses sentidos, ordená-los por palavras ou por qualquer outro código. antes quando era mais pequeno, quando esse novelo começou a entrançar-se, acreditei que tinha sido por esse motivo que a minha mãe decidiu chamar-me Livro.»

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