natal 2010.

Pedro,

Obrigada. Antes de tudo: obrigada. Pela paciência, pelo carinho, pelo amor, pelo respeito, por tudo. É sempre difícil escrever para ti, ainda para mais com um satisfaz a escrita. E sim, esta é parte em que te deves rir e dizer que sou tonta. Gosto quando fazes isso, sabes? Gosto de ser tonta para ti e ouvir-te rir. Gosto muito de te ouvir rir. De estar sentada num banco da escola e fechar os olhos enquanto te ris e imaginar-te ali, dentro de mim. Vives dentro de mim, essa é a verdade. Estás em todo o lado e é por isso que todos os caminhos vão dar a ti. Durante as aulas falo muito contigo. Crio diálogos e por vezes fecho os olhos num momento muito breve. Às vezes quase que juro que te ouvi chamar-me. Há dias em que acordo e não me apetece viver. Como te disse uma vez, é triste acordar de manhã e saber que a nossa razão de viver está a quilometros de distância. Mas já passaram 10 meses, não já? Há dias em que acordo e em que sou capaz de viver com a tua distância e com a nossa certeza de um dia acordarmos juntos. São dias de paz e calma e muito amor. São dias de janelas abertas e sol. O sol faz sempre milagres, sabes? Tu és o meu sol. Eu sempre o soube. No meio de tantas palavras, eu sempre soube. Eu sempre gostei muito de ti. E um dia acordei e soube que estava apaixonada por ti. Tu disseste que era perigoso eu dizer tantas vezes que te amava, e sim por mais anos que passem eu nunca vou esquecer disso. Estava a secar o cabelo quando recebi essa mensagem. O perigoso era eu apaixonar-me por ti, e isso já tinha acontecido. Há muitas coisas perigosas no mundo, sabes? Eu tenho medo de quase todas elas. Eu tenho medo de todas elas. Mas tu ajudas-me sempre a não ter. Há sorrisos teus que me aquecem quando lá fora faz frio. O nosso amor é uma coisa tão grande, já viste? Às vezes penso: é isto. Isto é começar a construir família. A deixar marcas de mim. Marcas de ti. És muito bonito, penso sempre. E eu tenho muito orgulho. Por tudo aquilo que conquistas. Por tudo aquilo que és e representas e fazes. Vais dar um pai muito bom. Vamos ser pais fantásticos e ao dizer isto já estou a chorar. Às vezes dá-me para isto. Imagina um parque com baloiços. Duas crianças lindas a brincarem e a correrem. Imagina nós os dois sentados e muito atentos num banco, de mãos dadas. De mãos dadas como da primeira vez. Ainda me lembro do dia seis de Abril. Da primeira vez que te vi. Estava tão nervosa. Quando as aulas começaram mostrei as nossas fotografias a toda a gente. Gostava de às vezes ser forte e te dar força. De tu puderes baixar a guarda e de ser eu a proteger-te do mundo lá fora. Acredito que um dia serei grande e conseguirei fazer isso. E continuo a pedir-te para me ensinares a crescer. Há qualquer coisa dentro de ti e fora de ti, que sempre chamou muito por mim. Sinto que esperei sempre por ti. Mesmo antes de saber quem era. Sabes, acho que ainda não sei muito bem quem sou. Construo muitas muralhas e depois nem eu as consigo deitar abaixo. E tenho medo de ser muito má, de não ser o que tu mais precisas. E por isso, desculpa. Desculpa por todas as birras, por todas as parvoíces e brincadeiras sem piada. Por todas as vezes que não te trato como mereces. Tu mereces o melhor de mim. E depois há dias em que penso que não há nada de bom em mim. E talvez nem haja. Tu és a única coisa boa. E quando tu dizes que não tens nada, isso dói-me muito. O meu coração aperta-se todo e só me dá vontade de chorar. O mundo é muito injusto. Gostava muito de estar aí agora. De viver na mesma rua que tu e de irmos juntos para a escola. Já estou outra vez com as lágrimas a quererem saltar cá para fora. Desculpa quando não te dou atenção. Sou uma criança, não é? E tu dizes que sentes um tecto falso em mim, e é por isso que gostava de me sentar contigo num banco e conversar sobre isso. És o meu anjo. Salvas-me de tudo. Há muitos dias, e em todos eles eu acordo com a certeza que tu és o único anjo que existe. Quer no mundo, quer para mim. Por favor, acredita em mim quando digo que és perfeito. Porque realmente o és. Olha bem para dentro de ti. Toda essa força, todo esse amor, toda essa vontade. Sim, eu também sei que tens medo e que às vezes, como num destes dias em que falámos de manhã, acordas como uma criança. E eu gosto disso. Gosto de ti. Gosto que te metas comigo, mesmo quando finjo amuar. Não haverá nunca ninguém que me conheça tão bem como tu. Sou mais tua, que minha. E dava a minha vida por ti. E um dia tornamos os nossos sonhos realidade. E desculpa, se todas estas frases juntas não fazem sentido ou se está tudo muito confuso. Bem sabes que às vezes sou assim. Não sei mesmo falar de ti, pois não? Gostava de saber falar tão bem como tu. Falas tão bem sobre tudo. E tive um orgulho imenso quando te apresentei aos meus pais. Tive orgulho de cada vez que olhava pelo canto do olho e tu estavas ali, à espera de irmos dar uma volta. Posso não saber falar muito bem sobre ti, mas quando olhas para mim e eu estou a sorrir muito, eu sei que tu consegues ler em mim todas as letras que eu não sei dizer.