eu gosto de falar dos dias.

há dias em que nos fechamos para o mundo. dias em que não estamos tristes, em que até estamos bem, mas queremos estar sozinhos. queremos existir sozinhos: num mundo paralelo onde não vive ninguém. dias em que não nos apetece rir, nem dizer palavras bonitas. dias em que não nos apetece sentar à mesa para comer ou fazer os trabalhos de casa para o dia seguinte. dias em que não queremos mesmo falar com ninguém. dias em que a única coisa de que realmente precisamos é ir pegar no balde das canetas que está no escritório e verificar se todas as canetas que para lá fomos metendo escrevem. dias em que só nos apetece comer papa de banana, laranja e bolacha e ler um livro na cozinha aquecida pela lareira. dias em que nos queremos deitar no sofá, cobertas pela manta, sem ninguém na sala, só a ver um filme. há dias em que queremos existir num mundo paralelo: dias em que queremos existir sozinhos.