três de novembro.

apanhar o comboio à hora de almoço e chegar a lisboa à tarde. meter o pé fora do comboio e sentir-me em casa. e pensar que depois é assim: que há viagens que parecem um sonho. e chegar a lisboa e  sentir o ar e sentir-me em casa, e sentir-me bem e de repente, olha: os problemas desapareceram. chegar ao pavilhão atlântico, entrar, sentar e ver o michael. levantar-me da cadeira e ir ter com ele ao centro e vê-lo bem de perto. e rir e cantar. porque ele é grande e completo. e sair de lá com a sensação que não podia ser melhor, que foi mesmo o melhor do mundo. apanhar o autocarro e o táxi, chegar a casa da tia e dormir na cama dela. acordar cedo e vestir sem tomar banho e dar quatro grandes beijos na madalena. e vê-la a tocar violino. e ir lavar os dentes e falar em código com a tia. e dar mais beijos, sair, apanhar o táxi e ir para santa apolónia. e é assim: há viagens que parecem um sonho. e ainda não caíste bem em ti. e foi tão bom. tão bom. que só quem esteve lá pode compreender. e a stôra esteve, por isso amanhã vai ser chegar à escola, fazer o teste, ter a hora-extra com ela, e não parar de falar sobre o concerto. porque foi mesmo o melhor do mundo.