e tu sabes que tenho razão.

não tentes vir, a porta está fechada. já não há voltos já, nem portas entreabertas. o passado deveria poder fechar-se para sempre, não achas? quando algo acabasse, as pessoas nunca mais se deviam lembrar de nada. tu perguntas como posso amar alguém que está tão longe, e eu respondo-te: da mesma maneira como podes amar alguém que já morreu. e tu calas-te, porque quem cala, consente. e tu sabes que tenho razão. há invernos que deveriam passar, para quem sabe, dar lugar a outros. às vezes acho que há demasiados invernos em mim, que se acumulam uns de cima dos outros, e eu não quero. não quero que eles continuem a vir e a ficar e não ir embora nunca mais. preciso de ti, meu sol. para que os derretas, mesmo quando o calendário diz que é inverno. eu preciso de ti, meu sol. para que os mandes embora e eu nunca mais seja triste. há passados que não deviam existir. e eu sei que tu concordas comigo. às vezes custa-me concordar comigo mesmo. e às vezes custa-me muito parar e pensar nas coisas. eu não quero mais ser assim. eu quero mandar estas merdas todas pela janela fora. quero acreditar que sou forte. quero ser forte. e não quero arranjar merdas connosco. há coisas que não deviam acabar. o nosso amor não vai acabar. eu sinto. tu sentes. há coisas que mudam sempre. como a minha voz quando me constipo. às vezes enervo-me com a minha voz. às vezes não pareço eu quem está a falar e às vezes as pessoas não me levam a sério. acho que tenho graves problemas em escrever por palavras aquilo que é demasiado grande para caber no mundo. eu vou tentar acabar com isto tudo. eu estou tão farta disto tudo. do mundo ser frio e as pessoas que tanto amo estarem longe. eu sei que um dia tudo muda e as distâncias acabam, mas e até lá? conseguirei eu sobreviver? conseguiremos nós passar por tudo? eu acredito que sim. eu quero que sim. eu preciso de ti. há coisas que não mudam. e tu e eu, vamos estar sempre aqui.