terça-feira, 8 de junho de 2010

com saudades.

e no entanto sou eu que preciso de ti, miúda. é estranho, não é ? mas estou a precisar muito de ti. preciso de cantar contigo, de passear e atravessar a rua de mãos dadas contigo, meu amor. preciso de me distrair de todos e centrar-me só em ti. voltar a descobrir o mundo. ouvir as tuas perguntas sempre direccionadas a mim como se eu soubesse tudo. mas agora talvez te dissesse que tu sabes muito mais do que eu, prima. preciso de te ajudar a crescer, de ver o quão grande estás e te mexer nos cabelos enquanto vês as winx. preciso de te ir deitar à cama e de te contar cinco histórias bonitas antes de dormires. preciso de te perguntar mil vezes num dia estás bem ? queres ir à casa-de-banho? queres que a prima te dê de comer? para depois te ouvir dizer: oh prima ana, eu sou crescida ! e depois quero pintar contigo com os dedos e ser muito tontinha para tu te rires e pensares que podemos ser sempre todos muito felizes, mesmo quando somos grandes e o mundo fica nos nossos ombros e todos aqueles que costumavam estar sempre lá começam a partir; que podemos ser todos muito felizes se tivermos alguém que nos aquece o coração e nos faz sorrir. acredita, prima. e tu és a pessoa que mais faz isso sem saber, com a maior naturalidade. como se o teu objectivo no mundo fosse mesmo dar essas respostas cheias de significado e de amor. quero que a avó me chame para te ir dar banho e tu digas não quero que me dês banho! para depois eu fazer de conta que tenho seis anos e virar costas, para mais uma vez te ouvir dizer ana! prima ana! eu quero que me dês banho! és uma prima muito boa. sabes, meu amor ? há muitas coisas que eu faço só para te ouvir dizer certas coisas, e às vezes chegas a surpreender-me. e olha, minha pequenita que quer ser grande como a prima tenho tanto que te mostrar ao pedro, para darmos longos passeios à beira do tejo, eu com a tua bola de praia na mão e tu ao colo dele. eu a deixar a bola voar para o rio e tu a dizeres só não fico chateada porque foste tu, ana. e depois o pedro a meter-se connosco e nós ao mesmo tempo, com a mesma posição (com as mãos na cintura e um ar indignado mas já a rirmo-nos) a dizer PEDRO!. eu sei que tu vais gostar muito dele, tanto como eu. que ele te vai conquistar como me conquistou a mim, piolha. e agora, eu quero fugir. quero fugir daqui e ir aí a Lisboa ter contigo e abraçar-te e dizer-te tudo nesse abraço, porque eu sei que compreendes quando eu não falo. quero ouvir a tua voz doce, aturar as tuas birras, dar-te de comer, fazer-te tranças e amar-te muito, como sempre fiz e nunca deixarei de fazer. és o meu eu em tamanho pequeno, sabias ? quero fugir para aí, só para te ouvir dizer gosto mesmo muito de ti, prima ana. tu dás-me muita força, madalena.

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